Não existem regras para se tornar um escritor de sucesso, mas uma máxima é verdadeira: para se tornar bom escritor, primeiro é preciso ser um bom leitor. E que leitor nunca desejou se tornar um autor de obras publicadas?
Obras que ajudam no processo de escrita
Só quem escreve sabe: o nascimento de uma história é um processo longo, solitário e árduo. E como disse Charles Bukowski: “se é cansativo apenas pensar em fazer isso, não faça. Se estiver tentando escrever como outra pessoa, esqueça”. Encontrar a sua própria voz é um desafio que o bom escritor enfrenta em sua longa jornada até a obra final.
Mas, para a sorte dos futuros autores que vivem neste século, temos muitos que falam sobre o processo de escrever em seus livros. E cá estamos nós para nomear alguns deles para você. Confira a lista de quatro livros essenciais para quem quer escrever.
Livros essenciais para quem quer escrever
O perfume das flores à noite – Leila Slimani
Leila Slimani é autora best-seller do New York Times e a primeira autora marroquina a ganhar o Goncourt, o prêmio literário mais importante da França.
O perfume das flores à noite traz uma prosa fluída sobre a solidão de ser escritor. Nas palavras dela: “a primeira regra quando se quer escrever um romance é dizer não. (...) Não, estou sem tempo para um almoço, uma entrevista, um passeio, uma ida ao cinema.” Ossos do ofício.
Quando Slimani recebe a proposta ousada para passar uma noite inteira no museu Punta dela Dogana, em Veneza, ela é agraciada com horas de reflexão entre salas que abrigam o passado. Nessa jornada introspectiva, a autora visita suas memórias que a moldaram como filha, mulher e escritora.
Desse diálogo silencioso com o leitor, ela deixa de herança possíveis significados da escrita, do papel da literatura, de si e do outro. Escrever também é confrontar a si e suas convicções.
Sobre a escrita – Charles Bukowski
Se tinha algo que Charles Bukowski entendia melhor do que cerveja, era de escrita. O poeta e romancista americano provou das mazelas da vida nada glamorosa dos autores, até começar a ser publicado aos 51 anos. Em Sobre a escrita, o biógrafo do autor reúne cartas redigidas entre 1945 e 1993, tendo como destinatários amigos, editores e escritores.
Nesta obra, Bukowski mostra uma nova faceta de si: mais honesta e vulnerável em relação às suas frustrações com o mercado editorial da época, no qual ele pouco encontrou espaço durante um longo período.
Sobre a escrita exibe de forma honesta uma realidade comum aos escritores: a dificuldade de publicação. Mas calma lá, caro leitor, não temas! Apesar das adversidades, Bukowski conseguiu o que tanto ansiou. A dica de escrita deixada subentendida pelo autor é a de respeitar seu próprio tempo, suas ideias e seu processo de escrever.
Vou te dizer o que penso – Joan Didion
Joan Didion é uma das jornalistas mais celebradas do mundo. Pioneira no chamado “jornalismo literário” – aquele que narra fatos destrinchados como um grande romance –, possui uma série de obras e prêmios literários em seu nome.
Vou te dizer o que penso foi sua última obra publicada em vida, uma coletânea de doze ensaios reunidos de forma inédita e que revela os bastidores da escrita e da mente afiada de Didion.
Não é preciso muito para descrever a magnitude desta autora. Porém, nos ensaios, Joan Didion se debruça sobre os temas aos quais se dedicou ao longo de 65 de jornalismo: a política, a Califórnia – seu estado natal –, suas viagens, vivências, amores e lutos. Um detalhe perspicaz é que, além de sua pluralidade de assuntos, Didion confidencia ao leitor suas inseguranças enquanto autora.
Uma das escritoras mais importantes da literatura contemporânea possuía inseguranças. E falava sobre elas.
The Underground Railroad – Colson Whitehead
Talvez você se pergunte que dicas um livro de ficção poderia te dar para ajudar na jornada da escrita. Pois bem, The Underground Railroad de Colson Whitehead é um prato cheio de referenciais de boa escrita, afinal, é um vencedor do Prêmio Pulitzer de Ficção.
Apesar de ser uma narrativa ficcional criada por Whitehead, o autor se baseia em fatos históricos que remetem ao período de escravidão que se estendeu nos Estados Unidos até o século XIX. A riqueza de detalhes expõe a pesquisa apurada ao qual o autor se dedicou para criar a história. Essa é a dica primordial para quem escreve: pesquise, pesquise e pesquise.
Whitehead sabe que escrever pode ser assustador: por isso, diz para quem quer se aventurar nessa área que é necessário fazer da escrita algo divertido, mesmo que o enredo seja denso. Ao dar vida à The Underground Railroad ele usou do realismo mágico para abstrair da dor de narrar um período de escravidão.